Saturday, March 2, 2013

PORTUGUÊS NO ASSASSINATO DE LINCOLN

PREZADOS LEITORES:
NA INTENÇÃO DE DAR A CONHECER CERTAS FAÇANHAS HISTÓRICAS DE PORTUGUESES PELO MUNDO, LEVO AO VOSSO CONHECIMENTO UMA DELAS - SE BEM QUE, NO FUNDO, ACABOU POR NÃO  SE CONFIRMAR.

AQUI, TRATA-SE DE RELATAR O EPISÓDIO DE QUE FOI ALVO UM NOSSO  CONCIDADÃO, AQUANDO DO ASSASSINATO DO PRESIDENTE AMERICANO LINCOLN, CONFORME FOI NOTICIADO RECENTEMENTE PELO MAIOR JORNAL DE LINGUA PORTUGUESA NOS EUA - O LUSOAMERICANO.

VEJAMOS:
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Português foi preso em 1865 suspeito de ter estado envolvido no assassinato de Lincoln

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A história não é nova. Ainda que não conste no guião do filme de Spielberg sobre “Lincoln”, a prisão do Capitão João Celestino, natural de Lisboa, bem poderia dar um filme.
Cinco dias depois do assassinato de Lincoln podia ler-se no “The New  York Times” a notícia da prisão do português João Celestino, por ordem do responsável máximo do Serviço Secreto dos
Estados Unidos, LaFayette Baker. A acusação baseava-se em conspiração de Celestino que, a bordo da sua escuna de 18 metros, furando o bloqueio naval imposto aos Estados Confederados durante a Guerra Civil.
 
Outra notícia publicada no “Washington Republican” dava conta que Celestino tinha sido preso anteriormente, acusado de envolvimento no tráfico de escravos. Após ter sido libertado é mencionada a sua vida plena de luxúria. Mesmo assim não merece citação no filme “Lincoln”. João Maria Celestino foi capturado no dia 30 de Abril de 1864 no Golfo do México a bordo da escuna “The Indian” registada no Porto de Havana. Dizem os registos que foi interrogado e não obstante falar pouco inglês, mostrou arrogância e uma atitude que não foi do agrado das autoridades. Disse ter nascido em Lisboa e ter 38 anos idade, ser solteiro e capitão de mar há sete anos. A bordo a marinha americana encontrou um cidadão mexicano e cinco negros e um bom abastecimento de vinho, charutos e comida.
 
O barco transportava galinhas e porcos e Celestino tinha em seu poder cerca de 3 mil dólares em ouro e prata. Celestino foi detido em Washington durante duas semanas, mas quando regressou ao navio verificou que o ouro e a prata tinham desaparecido. Entretanto a escuna foi leiloada e Celestino ficou na miséria. Trabalhou nas docas em Washington e foi aí que se teria cruzado com David E. Herold e George A. Atzelrodt, dois dos conspiradores que planearam o atentado a Lincoln. O primeiro plano seria a captura do Presidente em Baltimore e Celestino seria o responsável pelo transporte de Lincoln num navio. O plano nunca chegou a ser colocado em prática mas, um mês mais tarde, no dia 14 de Abril de 1865 Lincoln era assassinado juntamente com o Secretário de Estado William Seward.
 
O Presidente, próximo de ganhar a Guerra Civil, foi morto no meio do terceiro acto de uma peça de teatro pelo actor John Wilkes Booth. À mesma altura, outro conspirador, Lewis Paine assassinava o Secretário de estado na sua residência, como reza a descrição do Embaixador português nos Estados Unidos a qual chegou a Lisboa cerca de dois meses depois. Duas horas antes dos ataques o Capitão Celestino estava em Washington e alguém o ouviu ameaçar de morte em público o Secretário de Estado convencido que fora Seward o responsável pela sua situação. Não poderia ter escolhido pior momento para ameaçar Seward.
 
Foi preso em Filadélfia no dia 18 de Abril. Segundo o Embaixador de Portugal Joaquim La Figanière, Celestino foi preso, incomunicável e foram-lhe colocadas grilhetas nas pernas. Nos interrogatórios foi-lhe perguntado se conhecia ou outros suspeitos de envolvimento nos atentados, o que ele negou. Durante o tempo que esteve preso, Celestino escreveu quatro cartas ao Embaixador de Portugal, pedindo-lhe ajuda, ao que o diplomata respondeu: “Segundo o Secretário da Guerra há provas do seu envolvimento nos acontecimentos terríveis que tiveram lugar recentemente.
 
Neste caso, não há remédio senão aguardar pelas investigações.” Dezenas de pessoas foram detidas nesta altura acusadas de cumplicidade com os assassinatos de Lincoln e do seu secretário de Estado e, uma semana mais tarde, oito suspeitos foram transportados por razões de segurança para um navio da marinha, ancorado no rio Potomac. Celestino estava no grupo ainda que desconhecesse as razões concretas da sua prisão. Esteve detido 51 dias, obrigado a usar uma calha de madeira ao pescoço que evitava qualquer tentativa de suicídio. O português esteve preso até ao dia 8 de Julho, um dia após o enforcamento dos outros conspiradores.
 
Fontes governamentais concluiram não haver provas concretas do envolvimento de Celestino, ainda que tivessem concluído ser este “perfeitamente capaz de atentar contra a vida do Presidente.” Em 1957, o historiador Philip Van Doren Stern, encontrou nos arquivos do Departamento de Estado alguma correspondência trocada entre James Stevenson, um advogado de Nova Iorque e o capitão português. Uma das cartas é endereçada directamente ao Presidente Andrew Johnson, cerca de quatro meses da libertação de Celestino, a qual solicita uma indemnização do Fundo do Serviço Secreto pela sua prisão injusta e danos morais que sofreu. O Presidente deveria ter aceite o pedido uma vez que outras cartas que se seguiram assim dão a entender. Celestino deveria ter recebido 100 mil dólares e passou a ser um homem rico. Foi avistado anos mais tarde a viver em São Paulo, no Brasil.


Espero que tivessem gostado de ler.

Sinceramente.

Mário Oliveira
                              


































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