Tuesday, September 17, 2013

"O DILEMA DOS VIÚVOS E VIÚVAS"

Prezados leitores:

No meu meu 1º livro – “Palavras de um defunto, antes de o ser” – faço algumas referências sobre a minha forma de encarar “a malvada da morte”, salientado o facto que, se todas as pessoas estiverem “preparadas” atempadamente, tudo se tronará mais fácil. Com isso, tento “dar uma ajuda” psicológica a redor deste tema, na perspectiva de ajudar os familiares do “morto” para que encarem "o evento” da fatal partida...como sendo algo mais natural do mundo.
 Há que ter SEMPRE presente na nossa “c.c.c” que...todos nós nascemos para viver; vivemos para morrer e, não morremos para viver, nem para nascer novamente. Assim, a questão que aqui vou discutir, não é sobre os “mortos” e sim sobre os vivos. Sim...com os vivos! Com aqueles que ficam depois do morto ou morta partir para “o além” de onde não voltará nunca mais. Nem em sonhos!
Portanto...indo directamente “ao grão da questão”... o facto é que, já há muito tempo que pensei em escrever algo sobre este tema mas, por circunstâncias várias, adiei fazê-lo...pensando que mais tarde, iria ter a oportunidade de falar pessoalmente  com alguns e algumas dos personagens ao vivo, na intenção de recolher “depoimentos confirmativos” que melhor servissem de reforço á minha convicção.
Afinal os anos foram passando , ao mesmo tempo que a oportunidade de “uma conversa a sós” com meia dúzia de “afectados ou afectadas” começoiu a ficar mais distante e a diluir-se no horizonte da esperança de o poder fazer e, como tal, decidi tomar esta iniciativa, mesmo sem os comentários desejados.
Nota: - Tenho uma boa razão para dizer o que digo e, apesar de inicialmente não ser minha ideia falar nisso, permitam-me introduzir um relato verdadeiro, de algo que sucedeu há muitos anos, com alguém ainda familiar meu - uma espécie de 3ª prima - que, sendo viúva, vivia sózinha lá numa casita no Alcaide – minha aldeia.
Aconteceu que, numa noite de Inverno, estando sentada sózinha junto “ao lume” – nada cá de lareira convencional  - feito com um montinho de “chamissos” e algum pedaço de madeira ou raízes recolhidas pelos caminhos...ali estava ela sózinha nessa noite de inverno...quando, cansada pelo sono ou por outro motivo qualquer...ou caíu directamente para cima da fogueira ou a fogeira se prendeu ás roupas dela e...como resultado, foi consumida inteiramente...ficando somente com os pés metidos nos sapatos velhos que tinha.
Foi este episódio...passado há muitos anos, quando eu ainda estava em África (1972/73?) que despertou em mim a ideia de escrever algo sobre as pessoas que se encontram sózinhas que, infelizmente, muitas destas pessoas são “viúvos ou viúvas”.
Daí o que segue...
Continuando...começo por dizer que considero o modo de “pensar da nossa sociedade” sobre o tema em questão...ser pouco condescendente para com as pessoas que sofrem a perda de um ser querido – viúvas e viúvos, mas muito menos condescendente para com as “VIÚVAS”.
De facto, principalmente numa aldeia, ser “VIÙVA” tem "o que se lhe diga", no aspecto critico e negativismo,  em relação á forma como a socieadade  “olha” para uma “pobre viúva”...como se, por ser “viúva do morto” ela não tenha direito á vida e, como tal, deverá ficar resignada e condenada a viver sózinha o resto dos seus dias.
Pura demagogia hipócrita, olhando para “ela” – a viúva – sempre com os lábios a “bisbicar”, de olhar crítico pela forma como a “viúva” se veste, se veste bem, se veste de preto se alivia o luto desatempadamente...ou se “enlutou o suficiente” e a tempo inteiro. 
Efectivamente, só falta dizerem que, com a “morte do morto”...a “vida da viúva” morreu também. Ai dela que “se passe” e comece a querer “refazer a sua vida”!
Aqui, neste ponto, permitam-me dizer que, conforme já escrevi noutro lado...sou absolutamente contra qualquer ctiticismo que se faça tanto ao “viúvo como á viúva” mas, muito mais sou contra, sobre se esse criticismo for para com a “viúva”...devido a que, a mesma sociedade, utiliza “dos pesos e duas medidas” consoante se o alvo for o “viúvo” ou a viúva”.
De facto, quando da “viúva” se trata, utilizam um “peso mais pesado e uma medida maior”, no seu julgamento critico. Isto até será um tema que procurarei amiudar com o tempo, se a vida me permitir mas... até lá...remato com esta minha muito própria opinião.  - Tanto o "viúvo" como a viúva...têm direito a continuar a viver a sua vida...por várias razões.
- A 1ª, é o facto que, quem morreu "foi o outro ou a outra" - marido da "VIÚVA" ou esposa do "VIÚVO". Os últimos continuam "vivos" e como tal, t~em direito a continuar a viver a sua vida "fisicamente e fisiológicamente".
- Considero que deve ser muit triste uma pessoa viver sozinha, dia-após-dia, noite-após-noite, hora-após-hora. Recordem-se do episódio que refiro antes.
-  Imaginem, numa escura e longa noite de Inverno, á luz da candeia ou da lareira, lá fora o vento zunindo, trovejando na distância e...os pobres - ele ou ela - ali solitários sem terem uma mão amiga, um ombro aconchegante, uma voz bafejante, com palavras de conforto e de animo.  Será muito triste porque... triste será sem dúvida alguma.
O certo é que, por muito boa pessoa que o morto tenha sido – seja  cada qual deles for – se,  em vida, amava o seu companheiro ou companheira – não desejaria por certo “condenar” á solidão para toda a vida, a pessoa que amava em vida. Por certo...não quererá “ver” sofrer o seu bem-querido, lá do sítio onde irá restar em paz.
Como SERES HUMAMOS, devemos ser condescendentes. Tal como “na segurança financeira familiar” quando se ama a sua parelha – seja homem ou mulher – devemos precaver-nos a tempo “com uma apólice de seguro de protecção financeira familiar” para que, quando se partir para “o Além” se deixe a companheira ou companheiro até ali, numa situação confortável, sem dívidas e, se possível com directrizes do modo mais apropriado que deverá seguir a partir dali. Com isto...quando “SE AMA DE VERDADE” deve estende-se a demonstração de amor, para além da morte.
Quando “se ama”...não se deve levar na mente que, após “a morte” ela ou ele, arranja outro companheiro ou outra companheira e que, como tal, que se amanhem. A demonstração do “amor em vida...deve continuar depois da morte, com tolerância, aceitação encorajamento e...preparação antecipada para que não haja “simtomas de culpabilidade” por quem fica.
Quem parte partiu...desejando ao seu "ser" amado que viva o resto dos dias feliz. E, se para ser feliz, inclui procurar “uma nova companhia”...pois que assim seja. É assim que eu penso e é assim que eu quero!
Por isso, aqui afirmo  a minha oposição e desacordo contra toda e qualquer crítica sobre este tema, DIZENDO AQUI ABERTAMENTE, NA JANELA ABERTA AO MUNDO que o facebook nos oferece,  que...na total capacidade das minhas capacidades mentais...sem qualquer réstea de dúvida e sem preconceito algum...”encorajando a minha mulher para que, se “a malvada da morte” me apanhar a mim primeiro,  encare a minha “partida para o Além” como algo natural.
Mais! Querendo-lhe bem como lhe quero, não quero que sofra desnecessáriamente por algo que não irá ter remédio. A morte é o  que de mais certo todo o ser humano tem! Porqûê estranhar-se então? 
E, amando-a como amo, não irei ficar “feliz” lá no outro lado para onde todos nos iremos, se ela se remeter “á solidão” e á tristeza. Tal como em vida não fico feliz de a ver sofrer, tão-pouco depois da minha existência ficarei “descansado” se ela não sobrepassar o mau momento, refazendo a sua vida...quanto mais não seja para que NUNCA se encontre sozinha numa longa noite escura de inverno! com o vento zunir lá fora e...a tempestade a ameçar na distância.
O respeito mútuo que é devido entre um casal, não deixará de existir depois da morte de um dos membros do casal. O amor do que “partiu” fica com o “sobrevivente” acompanhando-o mas...como guia para que refaça a sua vida, sem preconceitos de culpa.  A solidão, será a última coisa que "um morto" deve desejar ao seu “ser-querido”, em vida.
 Complicado? Eu sei mas é aminha opinião e, por isso aqui fica.
 
FAÇAM -ME UM FAVOR!
Não critique os viúvos e, muito menos, as viúvas!!!
 
Espero que gostem
 
 
 
 

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