No meu meu 1º livro – “Palavras de um
defunto, antes de o ser” – faço algumas referências sobre a minha forma de
encarar “a malvada da morte”, salientado o facto que, se todas as pessoas
estiverem “preparadas” atempadamente, tudo se tronará mais fácil. Com isso,
tento “dar uma ajuda” psicológica a redor deste tema, na
perspectiva de ajudar os familiares do “morto” para que encarem "o evento” da fatal partida...como sendo
algo mais natural do mundo.
Portanto...indo directamente “ao grão da
questão”... o facto é que, já há muito tempo que pensei em escrever algo sobre
este tema mas, por circunstâncias várias, adiei fazê-lo...pensando que mais
tarde, iria ter a oportunidade de falar pessoalmente com alguns e algumas dos personagens ao vivo,
na intenção de recolher “depoimentos confirmativos” que melhor servissem de
reforço á minha convicção.
Afinal os anos foram passando , ao mesmo tempo
que a oportunidade de “uma conversa a sós” com meia dúzia de “afectados ou
afectadas” começoiu a ficar mais distante e a diluir-se no horizonte da
esperança de o poder fazer e, como tal, decidi tomar esta iniciativa, mesmo sem
os comentários desejados.
Nota: - Tenho uma boa razão para dizer o que digo e,
apesar de inicialmente não ser minha ideia falar nisso, permitam-me introduzir
um relato verdadeiro, de algo que sucedeu há muitos anos, com alguém ainda
familiar meu - uma espécie de 3ª prima - que, sendo viúva, vivia sózinha lá
numa casita no Alcaide – minha aldeia.
Aconteceu que, numa noite de Inverno, estando sentada
sózinha junto “ao lume” – nada cá de lareira convencional - feito com um montinho de “chamissos” e
algum pedaço de madeira ou raízes recolhidas pelos caminhos...ali estava ela
sózinha nessa noite de inverno...quando, cansada pelo sono ou por outro motivo
qualquer...ou caíu directamente para cima da fogueira ou a fogeira se prendeu
ás roupas dela e...como resultado, foi consumida inteiramente...ficando somente
com os pés metidos nos sapatos velhos que tinha.
Foi este episódio...passado há muitos anos, quando eu
ainda estava em África (1972/73?) que despertou em mim a ideia de escrever algo
sobre as pessoas que se encontram sózinhas que, infelizmente, muitas destas
pessoas são “viúvos ou viúvas”.
Daí o que segue...
Continuando...começo por dizer que considero o
modo de “pensar da nossa sociedade”
sobre o tema em questão...ser pouco condescendente para com as pessoas que
sofrem a perda de um ser querido – viúvas e viúvos, mas muito menos condescendente para com as “VIÚVAS”.
De facto, principalmente numa aldeia, ser “VIÙVA”
tem "o que se lhe diga",
no aspecto critico e negativismo, em relação
á forma como a socieadade “olha” para uma
“pobre viúva”...como se, por ser “viúva do morto” ela não tenha direito á vida
e, como tal, deverá ficar resignada e condenada a viver sózinha o resto dos
seus dias.
Pura demagogia hipócrita, olhando para “ela” –
a viúva – sempre com os lábios a “bisbicar”, de olhar crítico pela forma como a
“viúva” se veste, se veste bem, se veste de preto se alivia o luto desatempadamente...ou
se “enlutou o suficiente” e a tempo inteiro.
Efectivamente, só falta dizerem que, com a
“morte do morto”...a “vida da viúva” morreu também. Ai dela que “se passe” e comece a querer “refazer a sua vida”!
Aqui, neste ponto, permitam-me dizer que,
conforme já escrevi noutro lado...sou absolutamente contra qualquer ctiticismo
que se faça tanto ao “viúvo como á viúva” mas, muito mais sou contra, sobre se esse
criticismo for para com a “viúva”...devido a que, a mesma sociedade, utiliza
“dos pesos e duas medidas” consoante se o alvo for o “viúvo” ou a viúva”.
De facto, quando da “viúva” se trata, utilizam
um “peso mais pesado e uma medida maior”,
no seu julgamento critico. Isto até será um tema que procurarei amiudar com o
tempo, se a vida me permitir mas... até lá...remato com esta minha muito própria
opinião. - Tanto o "viúvo"
como a viúva...têm direito a continuar a viver a sua vida...por várias razões.
- A 1ª, é o facto que, quem morreu "foi o outro ou a outra" - marido da "VIÚVA" ou esposa do "VIÚVO". Os últimos continuam "vivos" e como tal, t~em direito a continuar a viver a sua vida "fisicamente e fisiológicamente".
- Considero que deve ser muit triste uma
pessoa viver sozinha, dia-após-dia, noite-após-noite, hora-após-hora. Recordem-se
do episódio que refiro antes.
- Imaginem, numa escura e longa noite de
Inverno, á luz da candeia ou da lareira, lá fora o vento zunindo, trovejando na
distância e...os pobres - ele ou ela - ali solitários sem terem uma mão amiga,
um ombro aconchegante, uma voz bafejante, com palavras de conforto e de animo. Será muito triste porque... triste será sem
dúvida alguma.
O certo é que, por muito boa pessoa que o
morto tenha sido – seja cada qual deles for – se, em vida, amava o seu companheiro ou
companheira – não desejaria por certo “condenar” á solidão para toda a vida, a
pessoa que amava em vida. Por certo...não quererá “ver” sofrer o seu
bem-querido, lá do sítio onde irá restar em paz.
Como SERES HUMAMOS, devemos ser
condescendentes. Tal como “na segurança financeira familiar” quando se ama a
sua parelha – seja homem ou mulher – devemos precaver-nos a tempo “com uma
apólice de seguro de protecção financeira familiar” para que, quando se partir
para “o Além” se deixe a companheira ou companheiro até ali, numa situação
confortável, sem dívidas e, se possível com directrizes do modo mais apropriado
que deverá seguir a partir dali. Com isto...quando “SE AMA DE VERDADE” deve estende-se
a demonstração de amor, para além da morte.
Quando “se ama”...não se deve levar na mente
que, após “a morte” ela ou ele, arranja outro companheiro ou outra companheira
e que, como tal, que se amanhem. A demonstração do “amor em vida...deve
continuar depois da morte, com tolerância, aceitação encorajamento e...preparação
antecipada para que não haja “simtomas de culpabilidade” por quem fica.
Quem parte partiu...desejando ao seu "ser" amado
que viva o resto dos dias feliz. E, se para ser feliz, inclui procurar “uma
nova companhia”...pois que assim seja. É assim que eu penso e é assim que eu
quero!
Por isso, aqui afirmo a minha oposição e desacordo contra toda e
qualquer crítica sobre este tema, DIZENDO AQUI ABERTAMENTE, NA JANELA ABERTA AO
MUNDO que o facebook nos oferece, que...na total capacidade das minhas capacidades mentais...sem qualquer réstea
de dúvida e sem preconceito algum...”encorajando a minha mulher para que, se “a
malvada da morte” me apanhar a mim primeiro, encare a minha “partida para o Além” como algo
natural.
Mais! Querendo-lhe bem como lhe quero, não quero que sofra
desnecessáriamente por algo que não irá ter remédio. A morte é o que de mais certo todo o ser humano tem! Porqûê estranhar-se então?
E, amando-a como amo, não irei ficar “feliz”
lá no outro lado para onde todos nos iremos, se ela se remeter “á solidão” e á
tristeza. Tal como em vida não fico feliz de a ver sofrer, tão-pouco depois da
minha existência ficarei “descansado” se ela não sobrepassar o mau momento, refazendo
a sua vida...quanto mais não seja para que NUNCA se encontre sozinha numa longa
noite escura de inverno! com o vento zunir lá fora e...a tempestade a ameçar na
distância.
O respeito mútuo que é devido entre um casal,
não deixará de existir depois da morte de um dos membros do casal. O amor do que “partiu”
fica com o “sobrevivente” acompanhando-o mas...como guia para que refaça a sua
vida, sem preconceitos de culpa. A
solidão, será a última coisa que "um morto" deve desejar ao seu
“ser-querido”, em vida.
Complicado? Eu sei mas é aminha opinião e,
por isso aqui fica.
FAÇAM -ME UM FAVOR!
Não critique os viúvos e, muito menos, as viúvas!!!
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